Um dos estados mais belos do litoral brasileiro, onde o Sol brilha todo o ano, o Rio Grande do Norte será sede do próximo grande evento nacional da Federação Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Turismo (Febtur). Turístico por natureza, com seus 400 km de praia, o Rio Grande do Norte surpreende também no interior, com rotas turísticas que apresentam o sertão e pontos históricos e culturais. No total, 11 regiões do estado fazem parte do Mapa do Turismo Brasileiro.
A secretária de Estado do Turismo, Solange Portela, concedeu entrevista exclusiva à Febtur, onde pontua a evolução do turismo no estado, as medidas de segurança e a expectativa da gestão estadual quanto a realização do I Encontro Febtur de Jornalistas e Comunicadores, ainda neste primeiro semestre.
Febtur – Como a indústria do turismo tem evoluído no estado nos últimos anos? Você poderia destacar alguns dos principais marcos e tendências que têm contribuído para este crescimento?
Solange Portela – Temos evoluído em alguns aspectos, na gestão descentralizada e compartilhada com a institucionalização das instâncias de governança regionais (IGR) de cada região turística. No fortalecimento da segmentação, como o de luxo, religioso, MICE (turismo de negócios e eventos), além do sol e mar. No desenvolvimento de campanhas cooperadas e parcerias com os diversos parceiros para ações promocionais. Orientação aos municípios e entidades para integrar as ações de promoção. Vale ressaltar que a nossa extensão litorânea possui 400 km.
Febtur – Quais são os principais atrativos turísticos do Rio Grande do Norte e como o governo tem trabalhado para promovê-los tanto nacional quanto internacionalmente?
Solange – Podemos destacar o Geoparque, que representa um importante marco para o turismo sustentável no Rio Grande do Norte e principalmente para o Brasil, destacando-se como uma área geográfica única e unificada, comprometida com a proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Abrangendo uma área de 2.800 km² no semiárido nordestino, o Geoparque engloba seis municípios e possui uma rica diversidade geológica, além de manter viva a memória cultural por meio de práticas tradicionais, museus e centros culturais. Não dá para falar de pontos turísticos em Natal e não mencionar a Fortaleza dos Reis Magos, que faz parte de qualquer roteiro cultural e histórico. Um outro ponto é o Centro de Turismo. Além da vista panorâmica, o Centro de Turismo abriga diversas lojas de artesanato local, onde você pode encontrar lembranças autênticas e produtos típicos da região. O centenário Teatro Alberto Maranhão também é um ponto forte turístico. Patrimônio histórico e artístico do Rio Grande do Norte, o teatro recebe grandes apresentações, além de funcionar como escola de dança. O Complexo Cultural da Rampa, conhecido também como Museu da Rampa, preserva a memória da aviação brasileira e tem sua origem diretamente ligada ao contexto da Segunda Guerra Mundial. Localizado no bairro de Santos Reis, o museu ocupa um espaço marcante: a Base Aérea de Natal, que serviu como ponto estratégico para lançamento de hidroaviões e aeronaves que cruzavam o Oceano Atlântico rumo à África e à Europa. Além desses todos citados, o Rio Grande do Norte é recheado de atrativos turísticos que são destaques. Para isso, o governo tem investido em promoção cooperada com operadoras de turismo e participação em feiras no mercado nacional e internacional, além de monitorar resultados por meio do sistema de inteligência do turismo, o Sírio. Os encantos do Rio Grande do Norte fazem do turismo uma das principais atividades econômicas do estado. Além de todos os atrativos que temos nas 11 regiões turísticas, nos segmentos de turismo religioso, de aventura, de negócios, dentre outros, essas onze regiões, cada uma delas, com suas potencialidades, proporcionando ao turista uma gama de diversidade. O estado como um todo oferece muitas possibilidades para o desenvolvimento de atividades turísticas e muitas oportunidades para os negócios.
Febtur – Considerando o aumento do turismo na região, como o governo tem lidado com questões de infraestrutura e sustentabilidade para garantir uma experiência positiva para os visitantes e para a comunidade local?
Solange – Sobre a infraestrutura, cabe um destaque às competências do que é do Estado e do que é do município. O Estado está com a proposta de fazer um investimento na parte das rodovias e das estradas, também está viabilizando um recurso de contrato de empréstimo, para fazer todo esse investimento na parte da malha viária aqui dentro do Rio Grande do Norte. A Setur também sempre alerta aos municípios, às Instâncias de Governanças, que essas competências compartilhadas e descentralizadas, além da limpeza urbana, são de responsabilidade do município. O Estado chega junto, orientando nestes quesitos, como a sustentabilidade, ele também tem feito investimento na questão das energias renováveis e dado o apoio institucional às cidades que têm trabalhado a temática. Hoje, nós temos no Rio Grande do Norte algumas regiões que utilizam a metodologia do DEL, seja o DEL Turismo, seja o DEL Serviços, que é onde recebe uma assessoria técnica em parceria com o Instituto DEL e com o Senac Rio Grande do Norte. Neste momento nós temos de Tibau Sul e São Miguel do Gostoso, que estão entre os top 100 do Green Destinations, dentro da Certificação de Sustentabilidade.
Febtur – Como os preços das passagens aéreas têm afetado o fluxo de turistas para o Rio Grande do Norte? Existem estratégias específicas sendo implementadas para lidar com esse desafio?
Solange – Considerando que o impacto das passagens é algo de responsabilidade das empresas aéreas, sendo assim, de competência de cada empresa a definição de acordo com a dinâmica econômica do momento, de oferta e procura por passagens aéreas. Sabemos que muitos fatores da aviação são relacionados com o dólar, mas o próprio Governo Federal também está com a proposta de investir com programas de induzir mais ao turismo interno, inclusive fazendo promoções de passagens aéreas, está organizando para, em maio, realizar um grande “feirão” de viagens, onde o brasileiro poderá fazer aquisição de pacotes com preços promocionais. Os bancos já estão oferecendo linhas de crédito específicas para a parte do turismo, como o programa Conheça o Brasil, ele faz parte de um movimento nacional para incentivar o turismo pelo país. A iniciativa oferta o benefício do financiamento, em até 60 meses, de pacotes de turismo, passagens, hospedagens, ingressos de parques temáticos, entre outros serviços de viagem. Com o Programa Conheça o Brasil: Realiza é possível obter crédito com condições facilitadas. Os prestadores de atividades turísticas registrados no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur) estão aptos a ofertarem o produto aos viajantes. A iniciativa do Ministério do Turismo (MTur) tem a parceria com o Banco do Brasil. Ainda no que se refere se às estratégias, o Governo do Rio Grande do Norte, tanto Setur-RN, como também a Secretária Estadual da Fazenda (Sefaz-RN) estão sempre em busca de diálogos frequentes com as companhias aéreas para todo o cumprimento do decreto do QAV.
Febtur – Há planos para incentivar a competição entre as companhias aéreas a fim de tornar as passagens mais acessíveis para os turistas que desejam visitar o estado?
Solange – Não nos cabe essa questão de competição, nós temos que trabalhar dentro dos princípios constitucionais de livre concorrência, então o decreto do QAV, por exemplo, é para todas as companhias aéreas, então cabe a elas se adequarem e fazer oferta de mais voos para ter redução no ICMS. Como por exemplo, o diálogo com a Zurich Airport Internacional, nova operadora do aeroporto da Grande Natal, localizado em São Gonçalo do Amarante, que assumiu o equipamento no dia 19 de fevereiro, tem sido muito positivo, inclusive para que possamos trabalhar estratégias em conjunto.
Febtur- Em que medida as parcerias público-privadas têm sido importantes para impulsionar o setor do turismo no Rio Grande do Norte?
Solange – A modalidade de Parceria Pública-Privada permite que a concessão ocorra durante a vigência do contrato, com período determinado, e a propriedade do bem permanece pública. O decreto estabelece diferentes modalidades de concessão, incluindo administrativa, patrocinada e comum. A concessão administrativa, em que o Estado financia integralmente, delimita que o poder público assuma todos os custos. Já na concessão patrocinada, o Estado contribui financeiramente com parte do investimento. Por fim, a concessão comum não envolve aporte financeiro estatal. Além disso, a criação de Sociedades de Propósito Específico (SPE), uma parceria entre o Estado e empresas privadas, também está prevista nas regulamentações. Esta medida será aplicada em diversas áreas, como infraestrutura viária e espaços turísticos. A Setur-RN vê com boa expectativa que o governo realmente possa fazer concessão de alguns equipamentos públicos de interesse turístico, exatamente para que tenha uma gestão mais assertiva e célere, porque diante da capacidade que o setor privado tem de fazer aquisição de produtos, peças e obras de uma maneira geral. Então, neste momento, o Governo do Estado, desde o ano passado, teve aprovado na Assembleia a legislação sobre o tema, inclusive já foi criado o decreto e instituído um grupo de trabalho com esta finalidade e temos expectativas de que, no futuro próximo poderemos ver alguns equipamentos, alguns editais de concessão sendo colocado junto aos interessados, a possíveis investidores, para fazer essas concessões aqui no Rio Grande do Norte.
Febtur – Como o governo estadual está trabalhando para diversificar a oferta turística e atrair diferentes tipos de viajantes para além dos destinos mais tradicionais?
Solange – Desde o período da pandemia todo o setor turístico, não apenas do Rio Grande Norte, mas o cenário do turismo no geral, mudou no contexto mundial como um todo, então nesses últimos anos tem sido desafiador para a Setur e para a Emprotur buscar entender esse novo cenário, essa nova forma que os turistas têm buscado, e para isso nós estamos utilizando os dados do Sistema de Inteligência do Sírio, para entender melhor o perfil desse público, quem tem sido o mercado emissor. Sabemos que tem a questão do turismo de experiência, o turismo de base comunitária e a sustentabilidade. Então, são pontos em que a gente, enquanto Secretaria de Turismo, temos dado uma atenção maior para trabalhar e atrair esse público. Além dos segmentos que temos trabalhado, como foi dito anteriormente, até pela questão do nosso Centro de Convenções, que tem uma localização privilegiada perto da infraestrutura hoteleira, equipamentos culturais e a interiorização do turismo. É um conjunto de ações que fazemos de maneira não individualizada, mas sim, integrando com as outras entidades que também trabalham o fortalecimento do turismo do Estado.
Febtur – Quais são os principais desafios que o setor de turismo do Rio Grande do Norte enfrenta atualmente e quais são as estratégias para superá-los?
Solange – Um dos principais desafios, que são diversos, é entender exatamente o que o turista quer, como a gente ter um produto diferenciado e de qualidade para ofertar, para agradar esse público. E sobre as estratégias utilizadas, temos que ver que diante das limitações de recursos, precisamos sempre estar trabalhando de forma descentralizada em parcerias, seja com as entidades públicas municipais ou do Governo Federal, bem como também com entidades privadas do terceiro setor, buscando parceria com o sistema S, tudo isso como forma de definir estratégias para que em conjunto também tenhamos o turismo organizado. O maior desafio que temos é a questão de fazer com que todos que fazem o turismo aqui no estado, seja a população local, o pequeno empreendedor, os empresários e os órgãos municipais de turismo, que eles realmente se apropriem, se empoderem das suas responsabilidades para contribuir com o estado, porque o estado sozinho não consegue desenvolver o turismo. Então, é necessário toda essa parte de parceria e de conscientização por parte de todos para que cada um possa assumir as suas responsabilidades e tenhamos resultados positivos. O desafio tem sido orientar para que as Instâncias de Governança Regionais (IGRs) assumam o protagonismo de conduzir o turismo regional, para que assim, de maneira geral, possamos fortalecer as regiões e o estado se tornar mais competitivo.
Febtur – Como o estado está lidando com a questão da segurança e da hospitalidade para os turistas que visitam a região?
Solange – O Governo do Estado tem feito um investimento significativo tanto na parte de aquisição de equipamentos, de viaturas e de concurso para a contratação de mais efetivos. Então tivemos resultados agora neste último carnaval muito positivos. Os números que apontam a redução da violência neste período foram apresentados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (15/02). E o número é bem significativo, com uma redução, em comparação com o mesmo período de 2023, de 57% no número de mortes violentas. Em cinco dias de festa, foram registradas 14 mortes no ano passado, contra seis no mesmo período em 2024. Já em relação à hospitalidade, a gente tem investido também nas qualificações, ofertando cursos de qualificação para os trabalhadores do setor turístico na maioria dos municípios aqui do Rio Grande do Norte, que integram as 11 regiões do estado que fazem parte do Mapa do Turismo Brasileiro. São elas: IGR Rota do Frio; IGR Oeste Potiguar; IGR Serra do Agreste Potiguar; IGR Caminhos do Potengi; IGR Cabugi Central; IGR Vale Mar; IGR Do Sertão para o Mar; IGR Trairí; IGR Costa das Dunas; IGR Seridó e IGR Costa Branca. Os potiguares são conhecidos como um pessoal de hospitalidade grande, então os nossos dados sempre reforçam isso e é uma temática que a gente busca cada vez mais, melhorar tanto a qualidade dos serviços turísticos e ofertando segurança, não apenas ao turista, mas à população local como um todo.
Febtur – Quais são as expectativas e planos futuros para o crescimento e desenvolvimento contínuo do turismo no estado?
Solange – As expectativas são positivas, até com base nos dados que a gente percebe diariamente. O Rio Grande do Norte foi um dos primeiros estados a retomar o pós pandemia. Tivemos agora uma alta estação muito positiva. Temos planos futuros de trabalhar em conjunto com a Zurich para atrair novos voos, para que possamos chegar a novos mercados, seja nacional e internacional, como também, boas expectativas em relação ao Governo Federal. Percebemos que o Ministério do Turismo e a Embratur estão focando bastante no fortalecimento, desenvolvimento do turismo e no aumento do número de fluxos. Sabemos que quando há um incremento no fluxo no país como um todo, consequentemente, isso chega aqui para o Rio Grande do Norte. Estamos com o voo da TAP diariamente.
Então, ver como num curto prazo poderemos ter voos para outros destinos, até mesmo com outras Companhias Aéreas. Sabemos que isso não é uma coisa imediata, leva um prazo, mas continuamos organizando a parte de promoção, fazendo boas estratégias dentro dos mercados em que a gente entende que precisa fortalecer, ou então, até reconquistar após a pandemia, e buscar oferecer um serviço de qualidade, um destino sustentável, atraindo o turista responsável, porque dentro dos planos de futuro, quando a gente entende isso, sabemos o quanto é importante e necessário a questão do turismo consciente, que envolve a responsabilidade de uma maneira mais ampla em todos os sentidos para quem faz atividade turística.
Febtur – Receber um encontro de jornalistas de diferentes partes do Brasil pode ser uma oportunidade única para promover o turismo do estado. Como a secretaria está se preparando para este evento e quais são as expectativas em relação à sua contribuição para a divulgação do turismo no Rio Grande do Norte?
Solange – Sempre vimos como algo positivo receber eventos aqui no Rio Grande do Norte, porque sabemos o quanto podem ser multiplicadores de opinião e sendo jornalistas principalmente. Temos ótimas expectativas... No ano passado participamos do evento que aconteceu em Salvador, e foram diversos representantes aqui do RN, inclusive a Assessoria da Setur foi participar para conhecer. No geral, estamos vendo com boas expectativas e não temos dúvidas que será um evento muito bom. Entendemos que virão pessoas que poderão colaborar nessa divulgação. A Setur-RN, dentro das suas possibilidades, dá um apoio institucional no momento da realização do evento, e assim orientando para que as visitas que serão feitas aos principais atrativos turísticos na região do polo Costa das Dunas, para que eles levem uma boa impressão do Rio Grande do Norte.
Por José Maria Pinheiro (Febtur-RN)
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